A decisão do presidente estadual do PT (Partido dos Trabalhadores) do Rio de Janeiro, Jorge Florêncio, de desautorizar manifestações contra o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, desagradou militantes. A opinião é de Ronaldo Cerqueira, da direção estadual da Articulação de Esquerda (corrente interna do partido), e de Indalécio Wanderley Silva, secretário de Movimentos Populares do PT fluminense.
De acordo com Cerqueira, que concedeu entrevista ao Opera Mundi, os militantes ficaram surpresos e descontentes com a postura de Florêncio, e continuam organizando protestos contra Obama. “Somos contra e não vamos aceitar. Nós iremos mobilizar nossa militância, estaremos presentes sim”, contestou.
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Na quinta-feira (17/03), o site do PT do Rio de Janeiro divulgou nota negando participação oficial do partido nos atos previstos. “Não existe qualquer tipo de deliberação por parte desta instância partidária no que concerne a organização, participação e apoio a qualquer tipo de manifestação hostil à presença do presidente Barack Obama em nosso Estado”, diz o documento. “Sendo assim, [o PT estadual] desautoriza a qualquer membro manifestar opinião, em nome do partido, que não reflita o posicionamento oficial do mesmo”.
Na avaliação de Jorge Florêncio, as críticas à nota não têm fundamento. “Estamos em um partido político. Não foi feita nenhuma reunião sobre esta questão. Não podemos tomar um posicionamento individual e adotar como se fosse a posição do partido”, justificou-se. O presidente estadual da sigla disse também que “filiação a um partido político pressupõe responsabilidade política, ainda que os movimentos sociais tenham o direito de se manifestar em sua individualidade".
Para Ronaldo Cerqueira, essa decisão é “totalmente arbitrária e arrogante”, e vai "contra os ideais do PT. Segundo ele, “Obama fez muitas promessas na campanha e nenhuma foi cumprida. Como fechar a prisão de Guantánamo, por exemplo”, disse.
Indalécio Wanderley Silva, secretário de Movimentos Populares do PT do Rio, disse ao Opera Mundi que os protestos foram definidos por movimentos sociais de vários Estados, e que não cabe ao PT do Rio de Janeiro definir se haverá ou não manifestações. “Trata-se de um movimento nacional. O PT do Rio não pode definir isso. São os movimentos sociais. Jorge Florêncio está equivocado. As manifestações já estão marcadas e vão acontecer em outros Estados também”, afirmou.
Procurado pela reportagem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, preferiu não comentar a proibição feita pelo diretório do Rio de Janeiro. “Sou petista, mas agora sou ministro da Justiça, não mais do PT. Prefiro não falar nada sobre”, afirmou Cardoso que, de 2008 até assumir o Ministério, foi secretário-geral do partido.
Obama chegará no sábado a Brasília, e depois de se reunir com a presidente Dilma Rousseff, irá para o Rio de Janeiro. O pronunciamento público que estava programado para acontecer na histórica Cinelândia, no centro da cidade, foi transferido para o Teatro Municipal.
Além dos petistas, outros militantes preparam protestos por meio de entidades como CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), além de partidos como o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), PC do B (Partido Comunista do Brasil) e PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Leia abaixo nota completa do presidente estadual do PT/RJ:
O Presidente Estadual do Partido dos Trabalhadores, Jorge Florêncio, torna público que não existe qualquer tipo de deliberação por parte desta instância partidária no que concerne a organização, participação e apoio a qualquer tipo de manifestação hostil a presença do Presidente Barack Obama em nosso Estado.
Sendo assim, desautoriza a qualquer membro manifestar opinião, em nome do Partido, que não reflita o posicionamento oficial do mesmo.
Neste momento em que o nosso País consolida-se como um estratégico interlocutor no cenário político internacional a vinda do Presidente Barack Obama ao Brasil, a convite da Presidenta Dilma, deve ser encarada como importante passo para afirmação dos nossos interesses políticos e comerciais.
Receber o Presidente Barack Obama na cidade do Rio de Janeiro no próximo domingo constitui-se importante oportunidade de consolidarmos a imagem da Cidade Maravilhosa, do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil no cenário internacional.
*Colaborou Beatriz Bulla
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