terça-feira, 31 de agosto de 2010

Nova Iguaçu com mais dignidade

A primeira cidade do Brasil a inaugurar uma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi Nova Iguaçu. Esta agilidade se deve à capacidade administrativa e à articulação política do ex-prefeito Lindberg Farias com o Governo Federal. Os investimentos fizeram com que dezenas de milhares de pessoas fossem beneficiadas e deixassem de conviver com lama e poeira. Foram pavimentadas 1.388 ruas e construídos cerca de 400 km de saneamento. A cidade também ganhou duas elevatórias e sete estações de tratamento de esgoto. A Via Light e a Estrada do Iguaçu foram revitalizadas e o Viaduto da Posse foi duplicado.

Diante dos problemas de Nova Iguaçu, Lindberg tinha como prioridade tirar os moradores do convívio com a lama na porta de casa. Mas o município não tinha nenhuma capacidade de investimento quando Lindberg assumiu a prefeitura. Primeiro, ele teve que sanear e organizar as contas do município, para depois apresentar os projetos e obter os recursos necessários do PAC.

Os bairros de Jardim Laranjeiras e Cabuçu receberam, além de obras de dragagem, 104 km de redes de água e esgoto e 27 km de pavimentação.


A moradora Maria Luiza da Silva, de 40 anos, ficou feliz com as mudanças no Jardim Laranjeiras.

– Vivíamos entre lama e esgoto. Tínhamos que botar sacos plásticos nos pés pra ir trabalhar, e com o Lindberg as obras chegaram a nosso bairro – disse Maria Luiza.

O tratamento de esgoto na cidade aumentou mais de 60 vezes. Cerca de 50% da população conviviam com poeira e lama. Hoje, 90% têm asfalto na porta de casa. Em seis anos de gestão, Lindberg fez mais do que havia sido feito em toda a história do município.


A moradora de Jardim Laranjeiras Maria do Socorro Alves, de 53 anos, conta que as roupas no varal sempre ficavam sujas de poeira quando os carros passavam na rua.

– Depois que Lindberg entrou mudou tudo. Ele veio ver pessoalmente, andou no barro, na lama e pôde ver que não tinha nada asfaltado. Ele prometeu e cumpriu no primeiro mandato, e no segundo continuou trabalhando. Lindberg merece que a gente deposite um voto nele. Lindberg tem que continuar – disse a dona de casa.

Nova Iguaçu foi a terceira cidade do país com maior número de obras do PAC, chegando a ter uma centena de frentes de obras simultâneas. O conjunto de investimentos públicos atraiu os empresários e a cidade recebeu cerca de R$ 2 bilhões em investimentos privados. O comerciante Reinaldo Santana, de 29 anos, morador do bairro de Carmari, é testemunha.

– As obras atraíram muitos outros benefícios, como mais clientes, e onde era só lama, agora está asfaltado – disse Reinaldo.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Taffarel no Bom DILMA Rio

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Plebiscito pelo Limite da Propriedade: Circular aos Estados


Brasília-DF, 24 de agosto de 2010

Estimados Companheiros e Companheiras,

A Coordenação Nacional do Plebiscito pelo Limite da Propriedade da Terra, em reunião realizada no dia 19 de agosto de 2010, aprovou o encaminhamento da presente Circular, visando esclarecer as principais dúvidas e demandas que foram apresentadas em relação à organização do Plebiscito:

  1. A avaliação do processo de mobilização e organização do plebiscito até aqui, mostra um movimento crescente e criativo que vem possibilitando o envolvimento de milhares de organizações e pessoas empenhadas com o sucesso desta importante empreitada. Assim, a Coordenação incentiva às diferentes organizações sociais que continuem exercitando ao máximo este poder criativo a fim de ampliar, ainda mais, a mobilização e a conscientização da população sobre a importância de limitar a propriedade da terra para o aprimoramento e fortalecimento do Estado Democrático de Direitos.
  2. A coordenação reafirmou que o prazo para realização do Plebiscito será de 01 a 07 de setembro. No entanto, avaliou que este prazo poderá ser estendido até o dia 12 de setembro, especialmente nos Estados onde houver maiores dificuldades no processo de mobilização e de coleta dos votos.
  3. Lembramos que apesar do Plebiscito Popular não ser um instrumento oficial, é fundamental que sua organização assegure a lisura, transparência e seriedade, preparando urnas, cédulas, elaborando as atas, assegurando a assinatura dos votantes, etc.
  4. No Site: www.limitedaterra.org.br/materiais, encontra-se o MANUAL que orienta o “passo-a-passo” para a realização do Plebiscito. Neste manual constam os modelos de ata, lista de votantes, identificação de urna, além da CÉDULA DE VOTAÇÃO que deve ser impressa ou reproduzida em “xerox” para a votação. As urnas podem ser construídas em caixas de papelão ou algo similar, tomando cuidado para que seja identificada e garantida a segurança dos votos.
  5. Além dos votos, devem ser colhidas assinaturas no abaixo assinado, cujo modelo também se encontra no site e que deve ser reproduzido por impressão ou “xerox”, permitindo o maior número possível de assinaturas. Lembramos que o abaixo assinado continuará depois do Plebiscito, pois ele é mais um instrumento da Campanha pelo Limite da propriedade e será entregue ao Congresso Nacional para apoiar a aprovação de uma PEC sobre o tema. Assim que forem sendo completadas as folhas com as assinaturas elas devem ser remetidas à coordenação nacional.
  6. Informamos que devido à dificuldade para reprodução e envio de mais material, a coordenação recomenda que busquem condições de produzi-los nos próprios estados, para suprir a demanda local. No site do Plebiscito estão os demais materiais produzidos até aqui como cartilha, folder, cartaz, além de spots para programas de rádio, vídeos e vários artigos para auxiliarem no debate do tema.
  7. Caso seja totalmente impossível reproduzir as cédulas ou as folhas para assinatura aí no Estado, enviem com urgência a solicitação para a coordenação, para que seja providenciada a remessa dos mesmos o mais rapidamente possível.
  8. Recomendamos que leiam o manual e ajudem a preparar as equipes para instalar as urnas nos Sindicatos, igrejas, escolas, acampamentos, assentamentos, feiras, rodoviárias, aeroportos, etc. Para facilitar o controle dos votos, é fundamental que identifiquem o nome, telefone e email das pessoas responsáveis pela organização do plebiscito em cada local. Cada Estado deverá enviar para a Secretária do FNRA, pelo e-mail: forumcpt@caritas.org.br, informações sobre a disposição das urnas, para que seja disponibilizado no site, permitindo que as pessoas identifiquem os locais próximos de sua comunidade ou região, para poder votar.
  9. Assim que for concluído o processo de votação, enviem o resultado para a coordenação nacional para que seja providenciada a contagem geral. É muito importante não antecipar o anúncio do resultado da votação ocorrida no estado, pois isto compromete a organização do processo de divulgação do resultado final.
  10. Informamos também, que o Fórum enviou a todos os candidatos e candidatas à presidência da República um documento intitulado: Reforma Agrária e fortalecimento da agricultura familiar e camponesa essenciais para o desenvolvimento do Brasil. Junto com o documento foi solicitada a realização de uma reunião com cada um deles para apresentar e debater o referido documento. Até o momento, o único que conseguiu agenda para receber o Fórum foi o candidato Plínio de Arruda Sampaio e está marcada uma reunião no próximo dia 27, com o candidato do PSTU, José Maria. Estamos insistindo com as coordenações dos demais candidatos na tentativa de assegurar o encontro destes com o Fórum.
  11. Informamos ainda, que será realizada uma Coletiva a Imprensa no dia 02 de setembro, em Brasília e São Paulo.
  12. Lembramos que a próxima Plenária Nacional ocorrerá nos dias 28 e 29 de setembro de 2010, quando será realizada a divulgação do resultado final do Plebiscito. A coordenação propõe a participação de 01 representante por Estado, representando o comitê Estadual para balanço e divulgação dos resultados.

Desejamos pleno sucesso na realização do Plebiscito no seu Estado e continuamos à disposição para qualquer outra demanda que se faça necessária.

Um forte abraço a todos e todas!

Coordenação Nacional

terça-feira, 24 de agosto de 2010

União limita compra de terras por estrangeiros

Do Valor Econômico


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu limitar a compra de terras por estrangeiros e empresas brasileiras controladas por estrangeiros.

Ele assinou o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que restringe as aquisições de imóveis rurais por empresas que possuem pelo menos 51% ou mais de seu capital votante nas mãos de pessoas que não são brasileiras.

O texto prevê que as empresas sob controle estrangeiro não vão poder adquirir imóvel rural que tenha mais de 50 módulos de exploração indefinida (entre 250 a 5 mil hectares, dependendo da região do país). Elas também terão de se limitar à implantação de projetos agrícolas, pecuários e industriais que estejam vinculados a seus objetivos de negócio previstos em estatuto. As áreas rurais pertencentes a empresas estrangeiras não poderão ultrapassar 25% do município.

O parecer é de teor nacionalista e retoma a visão da Lei nº 5.709, sancionada em outubro 1971 pelo general Emílio Garrastazu Médici durante o governo militar. Ela determinava que, em setores imprescindíveis ao desenvolvimento, só empresas de capital nacional poderiam comprar terras. O parecer assinado por Lula tem um tom muito parecido e sua conclusão é a de que a lei de 1971 é compatível com a Constituição de 1988.

A decisão de Lula foi motivada pelo interesse de estrangeiros no Brasil diante da valorização das commodities agrícolas, da crise mundial de alimentos e do desenvolvimento de biocombustíveis. O fato de o presidente ter assinado o texto da AGU torna obrigatório o seu cumprimento dentro da Administração Pública. Órgãos como o Instituto Nacional de Colonização e reforma agrária (Incra) terão de seguir essas diretrizes ao analisar pedidos de companhias internacionais para comprar terras no Brasil.

Lula demorou quase dois anos para decidir se assinava ou não o texto da AGU. O Ministério da Defesa entendia que a aquisição de terras por empresas estrangeiras era permitida pela Constituição, portanto, um parecer da AGU não poderia resolver o assunto - seria necessária a aprovação de emenda constitucional. Já o Ministério da Justiça defendia uma diferenciação para as compras realizadas na Amazônia.

O texto não tem efeito retroativo - não anula compras de terras feitas por estrangeiros até a semana passada. No mês passado, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou que os cartórios do país façam o registro de todos os casos de terras adquiridas por estrangeiros.

Restrição afetar capital estrangeiro

O novo parecer da Advocacia Geral da União que, na prática, restabelece restrições para a compra de imóveis rurais por empresas brasileiras de controle estrangeiro, pode impedir a entrada de investimentos produtivos.

Essa é a opinião do advogado especialista em direito imobiliário, Olivar Vitale, sócio do Tubino Veloso, Vitale, Bicalho e Dias Advogados. Ele conta que a lei dificultará a transferência de propriedades de imóveis para fundos estrangeiros que decidirem adquirir empresas no Brasil. "Em nome da proteção da soberania nacional esse parecer impede a entrada de dinheiro produtivo e não especulativo."

Segundo ele, essa transferência a empresas controladas por estrangeiros já estava, na prática, esbarrando em dificuldades desde julho, quando os cartórios passaram a exigir autorização do Instituto Nacional de Colonização e reforma agrária (Incra). Isso aconteceu porque os cartórios passaram a ser obrigados a informar às suas corregedorias a compra de imóveis rurais por empresas de controle estrangeiro. Até então, argumenta ele, a exigência dos cartórios era questionável e facilmente derrubada no Judiciário.

Com a sanção do presidente Lula ao parecer e sua publicação no "Diário Oficial", acredita Vitale, as restrições restabelecidas provavelmente prevalecerão, mesmo se forem questionadas. Para ele, entre as medidas mais duras está a que limita a soma das áreas rurais pertencentes a pessoas estrangeiras a um quarto da superfície dos municípios. Dentro dessa área já delimitada, lembra ele, há outra importante restrição. As pessoas da mesma nacionalidade não poderão ser proprietárias de mais de 40% desse território.

Vitale defende que o restabelecimento de restrições passou a valer com a publicação do parecer. Ou seja, ficam mantidos, por exemplo, os casos em que a soma das áreas rurais em mãos de estrangeiros já supere 25% da superfície de um município.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Weissheimer: O passado e o presente da imprensa brasileira


A revista Época fez o que se espera da Globo, um dos pilares de sustentação da ditadura militar: resgatou a agenda da Guerra Fria e destacou na capa o “passado de Dilma”. O ovo da serpente permanece presente na sociedade brasileira. O que deveria ser tema de orgulho para uma sociedade democrática é apresentado por uma das principais revistas do país com ares de suspeita. Os editores de Época honram assim o passado autoritário e anti-democrático de sua empresa e nos mostram que ele está vivo e atuante. No RS, jornal Zero Hora aplaude suspensão de indenizações às vítimas da ditadura e fala do risco de instituir uma “bolsa anistia”.

Marco Aurélio Weissheimer, na Carta Maior

As empresas de comunicação têm o hábito de se apresentarem como porta-vozes do interesse público. Em que medida uma empresa privada, cujo objetivo central é o lucro, pode ser porta-voz do interesse público? Essas empresas participam ativamente da vida política, econômica e cultural do país, assumindo posições, fazendo escolhas, pretendendo dizer à população como ela deve ver o mundo. No caso do Brasil, a história recente de muitas dessas empresas é marcada pelo apoio a violações constitucionais, à deposição de governantes eleitos pelo voto e pela cumplicidade com crimes cometidos pela ditadura militar (cumplicidade ativa muitas vezes, como no caso do uso de veículos da ão Paulo durante a Operação Bandeirantes). Até hoje nenhuma dessas empresas julgou necessário justificar seu posicionamento durante a ditadura. Muitas delas sequer usam hoje a expressão “ditadura militar” ao se referir aquele triste período da história brasileira, preferindo falar em “regime de exceção”. Agem como se suas escolhas (de apoiar a ditadura) e os benefícios obtidos com elas fossem também expressões do “interesse público”.

Apoiar o golpe militar que derrubou o governo Jango foi uma expressão do interesse público? Ser cúmplice de uma ditadura que pisoteou a Constituição brasileira, torturou e matou é credencial para se apresentar como defensor da liberdade? O silêncio dessas empresas diante dessas perguntas já é uma resposta. O que é importante destacar é que a semente do autoritarismo, da perversidade e da violência prossegue ativa, conforme se viu neste final de semana (e se vê praticamente todos os dias).

A revista Época fez o que se espera da Globo, maior empresa midiática do país e um dos pilares de sustentação da ditadura militar: resgatou a agenda da Guerra Fria e destacou na capa o “passado de Dilma”. O ovo da serpente permanece presente na sociedade brasileira. O que deveria ser tema de orgulho para uma sociedade democrática é apresentado por uma das principais revistas do país como motivo de suspeita. Os editores de Época honram assim o passado autoritário e anti-democrático de sua empresa e nos mostram que ele está vivo e atuante.

Indenizações às vítimas da ditadura

De maneira similar, aqui no Rio Grande do Sul, o jornal Zero Hora publicou um editorial apoiando a decisão do TCU de questionar às indenizações que estão sendo pagas às vítimas de perseguição e maus tratos durante a ditadura, ou “regime de exceção”, como prefere a publicação. Trata-se, segundo a RBS, de defender um “princípio da razoabilidade”. “Ninguém tem direito a indenizações perdulárias ou a aposentadorias e pensões que extrapolam critérios de prudência, ponderação e equilíbrio”, diz o texto. Prudência, ponderação, equilíbrio e razoabilidade: foram esses os valores que levaram o jornal e sua empresa a cerrarem fileiras ao lado dos militares que rasgaram a Constituição brasileira? Quanto dinheiro os proprietários da RBS ganharam com esse apoio? Não seria razoável e ponderado defender que indenizassem a sociedade brasileira pelo desserviço que prestaram à democracia?

É cansativo, mas necessário relembrar. Sempre. Como a maioria da grande mídia brasileira, a empresa gaúcha apoiou o golpe que derrubou João Goulart. O jornal Zero Hora ocupou o lugar da Última Hora, fechado pelos militares por apoiar Jango. Esse foi o batismo de nascimento de ZH: a violência contra o Estado Democrático de Direito. Três dias depois da publicação do Ato Institucional n° 5 (13 de dezembro de 1968), ZH publicou matéria sobre o assunto afirmando que “o governo federal vem recebendo a solidariedade e o apoio dos diversos setores da vida nacional”. No dia 1° de setembro de 1969, o jornal publica um editorial intitulado “A preservação dos ideais”, exaltando a “autoridade e a irreversibilidade da Revolução”. A última frase editorial fala por si:

“Os interesses nacionais devem ser preservados a qualquer preço e acima de tudo”.

Interesses nacionais?

A expansão da empresa se consolidou em 1970, com a criação da RBS. A partir das boas relações estabelecidas com os governos da ditadura militar e da ação articulada com a Rede Globo, a RBS foi conseguindo novas concessões e diversificando seus negócios.

Como a revista Época, Zero Hora é fiel ao seu passado e exercita um de seus esportes favoritos: pisotear a memória do país e ofender a inteligência alheia. O editorial tenta ser ardiloso e defende, no início, as indenizações como decisão correta e justa. Mas logo os senões começam a desfilar: os exageros nas indenizações de Ziraldo, Lula, Jaguar e Carlos Lamarca, “outro caso aberrante segundo o procurador”. A pressão exercida por setores militares junto ao governo e ao Judiciário é convenientemente omitida pelo editorial que fala do “risco” de as indenizações se transformarem em algo como “uma bolsa-anistia”.

O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão Pires Junior, divulgou uma esclarecedora nota a respeito da decisão do TCU e das pressões que vem sendo exercidas contra o processo das indenizações. A capa da revista Época e o editorial de Zero Hora mostram que as empresas responsáveis por essas publicações permanecem impregnadas do autoritarismo que alimentou seu nascimento e expansão. É triste ver jornalistas emprestando sua pena para inimigos da democracia e da liberdade. Pois é exatamente disso que se trata. Esse é o conteúdo que habita a caixa preta de boa parte da imprensa brasileira.

sábado, 21 de agosto de 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Limite da posse da propriedade rural contra expulsão de famílias do campo



Por Frei Betto
Autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira”
Em O Dia

Entre 1º e 7 de setembro, o Fórum Nacional da Reforma Agrária e Justiça no Campo promoverá, em todo o Brasil, o plebiscito pelo limite da propriedade rural. Mais de 50 entidades farão da Semana da Pátria e do Grito dos Excluídos um momento de clamor pela reforma fundiária.

Vivem na zona rural cerca de 30 milhões de pessoas, pouco mais de 16% da população do País. O Brasil apresenta um dos maiores índices de concentração fundiária do mundo: quase 50% das propriedades rurais têm menos de 10 ha (hectares) e ocupam apenas 2,36% da área do País. E menos de 1% das propriedades rurais (46.911) têm área acima de 1 mil ha cada e ocupam 44% do território (IBGE 2006).

As propriedades com mais de 2.500 ha são apenas 15.012, mas ocupam 98,5 milhões de ha: 28 milhões de hectares a mais do que quase 4,5 milhões de propriedades rurais com menos de 100 ha.

O objetivo do plebiscito é demonstrar ao Congresso Nacional que o povo deseja que se inclua na Constituição um inciso limitando a propriedade da terra a 35 módulos fiscais. Áreas acima disso seriam destinadas à reforma agrária.

Todos os dados indicam que a concentração fundiária expulsa famílias do campo, multiplica o número de favelas e a violência nos centros urbanos. Mais de 11 milhões de famílias vivem em favelas, cortiços ou áreas de risco.

Embora o lobby do latifúndio apregoe as “maravilhas” do agronegócio, quase todo voltado à exportação e não ao mercado interno, a maior parte dos alimentos da mesa do brasileiro provém da agricultura familiar. Além disso, a pequena propriedade rural emprega 74,4% das pessoas que trabalham no campo e o agronegócio, apenas 25,6%. Mais informações e abaixo-assinado: http://www.limitedaterra.org.br.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

DECRETO DO PRESIDENTE CONVOCANDO A II CONFERÊNCIA

Na Última Quinta-feira 12/08/2010 na Abertura do Ano Internacional da Juventude Decretado pela ONU, justamente no Dia Mundial da Juventude, o Exmo. Presidente da República Federativa do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, DECRETA A Convocação da II Conferência NAcional de Políticas Públicas de Juventude para os dias 08 a 11 de Setembro de 2011.

Abaixo Segue a Cópia do Texto do Decreto:


Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO DE 12 DE AGOSTO DE 2010

Convoca a 2a Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição

DECRETA:

Art. 1o Fica convocada a 2a Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude, a realizar-se no período de 8 a 11 de setembro de 2011, na cidade de Brasília, Distrito Federal.

Art. 2o A realização do evento será coordenada pela Secretaria-Geral da Presidência da República, por intermédio da Secretaria Nacional de Juventude e do Conselho Nacional de Juventude, e precedida de etapas estaduais, municipais ou regionais, e distrital, que ocorrerão a partir do mês de janeiro de 2011.

Art. 3o A 2a Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude tratará dos seguintes temas:

I - Juventude: Democracia, Participação e Desenvolvimento Nacional;

II - Plano Nacional de Juventude: prioridades 2011-2015; e

III - Articulação e integração das políticas públicas de juventude.

Art. 4o A 2a Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude será presidida pelo Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República e, em suas ausências, pelo Secretário Nacional de Juventude.

Art. 5o A Secretaria-Geral da Presidência da República elaborará e aprovará o regimento interno da 2a Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude.

Parágrafo único. O regimento interno disporá sobre a organização e o funcionamento da 2a Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude, inclusive das etapas estaduais, municipais ou regionais, e distrital, e o processo de escolha dos delegados.

Art. 6o As despesas com a realização do evento correrão à conta dos recursos orçamentários da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Art. 7o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 12 de agosto de 2010; 189o da Independência e 122o da República.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Luiz Soares Dulci

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Política, Samba e Cerveja - Bate Papo com TAFFAREL

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Lula fala aos internaut@s

Crise nos EUA: Como é de perto o colapso do império

Ruínas da estação de trem central de Michigan

Ruínas da estação de trem central de Michigan


Por Glenn Greenwald, no Salon

No momento em que entramos no nono ano da Guerra do Afeganistão com uma tropa reforçada e continuamos a ocupar o Iraque indefinidamente e alimentamos o Estado de Vigilância sem fim, notícias tem surgido de que a Comissão do Déficit Público está trabalhando num plano para cortar benefícios da Previdência Social, do Medicare [programa de atendimento aos idosos] e até mesmo no congelamento dos salários dos militares. Mas um artigo do New York Times de hoje ilustra vividamente com o que se parece um império em colapso, ao mostrar os tipos de cortes de orçamento que cidades de todo o país tem sido forçadas a fazer. Aqui vão alguns exemplos:

Muitas empresas e negócios congelaram as contratações de funcionários este ano, mas o estado do Havaí foi além — congelou os estudantes. As escolas públicas de todo o estado ficaram fechadas em 17 sextas-feiras do mais recente ano escolar, dando aos estudantes o ano acadêmico mais curto do país.

Muitos sistemas de transporte público reduziram serviços para cortar gastos, mas o condado de Clayton, na Geórgia, um subúrbio de Atlanta, adotou o corte total e acabou com todo o sistema público de ônibus. Os últimos ônibus circularam no dia 31 de março, deixando sem transporte 8.400 usuários por dia.

Mesmo a segurança pública não ficou imune ao facão no orçamento. Em Colorado Springs, a crise vai ser lembrada, literalmente, como a idade da escuridão: a cidade apagou um terço dos 24.512 postes de rua para economizar dinheiro em eletricidade, além de reduzir a força policial e vender os helicópteros da polícia.

Há algumas ótimas fotos acompanhando o artigo, inclusive uma mostrando como fica uma rua do Colorado na escuridão causada pelo corte de energia. Enquanto isso, a pequena porção dos mais ricos — aqueles que causaram nossos problemas — continua a se dar bem. Vamos relembrar o que o ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional escreveu na revista Atlantic sobre o que acontece em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento quando surge uma crise financeira causada pela elite:

“Apertar os oligarcas, no entanto, é poucas vezes a escolha dos governos de países emergentes. Ao contrário: no início da crise, os oligarcas são normalmente os primeiros a conseguir ajuda-extra do governo, como acesso preferencial a moedas estrangeiras ou talvez um corte de impostos ou — aqui vai uma técnica clássica do Kremlin — a assunção pelo governo de obrigações de dívidas privadas. Sob pressão, a generosidade para com os amigos assume formas inovadoras. Enquanto isso, se é preciso apertar alguém, a maior parte dos governos de países emergentes primeiro olha para as pessoas comuns — pelo menos até que os protestos se tornem grandes demais”.

A questão real é se o público estadunidense é muito apático e treinado em submissão para que isso aconteça aqui.

Nota: É também importante considerar um artigo publicado no Wall St. Journal no mês passado — com o subtítulo “De volta à Idade da Pedra”– no qual é descrito como “estradas pavimentadas, emblemas históricos de conquistas dos Estados Unidos, estão sendo desmanteladas em regiões rurais do país e substituídas por estradas de cascalho ou outros pavimentos, já que os condados enfrentam orçamentos apertados e não há verbas estaduais ou federais”. O estado de Utah está considerando seriamente eliminar um ano da escola secundária ou torná-lo opcional. E foi anunciado esta semana que “Camden [Nova Jersey] está se preparando para fechar definitivamente seu sistema de bibliotecas até o final do ano, potencialmente deixando os residentes da cidade entre os poucos dos Estados Unidos sem condições de emprestar um livro de graça.”

Alguém duvida que quando uma sociedade não pode mais pagar por escolas, transporte, estradas asfaltadas, bibliotecas e iluminação pública — ou quando escolhe que não pode pagar por isso em busca de prioridades imperiais ou a manutenção de um Estado de Segurança e Vigilância Nacional — um grande problema surgiu, que as coisas desandaram, que o colapso imperial, por definição, é algo inevitavelmente iminente? De qualquer forma, eu apenas queria deixá-los com alguma luz e pensamentos positivos para o fim-de-semana.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

AGENDA CAMAPANHA TAFFAREL

14/08 – Sábado - Festa do Padroeiro de Valença.

9h30 Caminhada dobrada Taffarel-Cantalice em Maria Cristina c/Benildes - concentração rua ao lado da Supergasbrás.

17h Reunião com lideranças e simpatizantes em Marica.

18h Lançamento da Campanha Zeidan em Marica.

18h Encontro Cerveja e Política na Cruz Vermelha/ Centro-Rio.

19h Reunião com militantes da PJ em Nova Iguaçu.

 

15/08 - Domingo

09h Missa no Seminário Paulo VI em Nova Iguaçu.

10h Concentração na Praça Elizabeth Paixão/Mesquita.

16/08 - Segunda

Mobilização da Campanha TAFFAREL Galpão da Rua Ônix/Mesquita.

 

17/08 - terça

16h Reunião da coordenação estadual da campanha.

18h Debate com militantes e simpatizantes da capital promovido pela 1ª Zonal do PT.

 

18/08 - Quarta

11h Instalação da 1ª Vara Federal na Baixada Fluminense, em Nova Iguaçu.

17h Banderaço da Dobrada Taffarel-Cantalice em Edson Passos.

 

20/08 - Sexta

14h Caminhada em Nova Iguaçu.

19h Encontro Política, Samba e Cerveja, sindicato dos profissionais de consultoria na Cinelandia-Centro/Rio.

19h Mobilização da Campanha Dilma na sede do PT-Mesquita.

23h Vôo noturno na Lapa.

 

21/08 – sabado

9h30 Caminhada dobrada Taffarel-Cantalice em Santa Terezinha - Saída em Frente ao açougue Três Irmãos.

15h Caminhada dobrada Taffarel-Cantalice na Chatuba.

17h panfletagem e festa em São Gonçalo.

 

22/08 - domingo

08h Café com Política em Nilópolis e caminhada na feira.

10h Bom Dia Dilma, na orla de Copacabana.

 

27/08 - sexta

18h reunião com lideranças e simpatizantes em Três Pontes/Queimados.

20h panfletagem em Queimados.

 

29/08 - domingo

13h almoço na Zona Oeste.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Serra no JN foi um desastre: pelo menos 8 mentiras, 2 contradições e 9 erros políticos

A entrevista de José Serra (PSDB/SP) no Jornal Nacional foi um desastre. 
Contamos 8 mentiras, 9 erros políticos, e Serra ainda conseguiu cair em contradição duas vezes dentro da mesma entrevista. É muita coisa para um candidato só em 12 minutos de entrevista.

Em vermelho (negrito e sublinhado) estão nossos comentários daqui do blog.

William Bonner: A entrevista vai durar 12 minutos, e o tempo começa a ser contado a partir de agora. Candidato, desde o início desta campanha, o senhor tem procurado evitar críticas ao presidente Lula. O senhor acha que... E em alguns casos fez até elogios a ele... o senhor acha que essa é a postura que o eleitor espera de um candidato da oposição?

Tal qual um lobo em pele de cordeiro, Serra quer se apresentar como candidato pós-Lula e não de oposição a Lula. A pergunta foi feita para tentar neutralizar a imagem anti-Lula.

Na pergunta, Bonner incluiu uma afirmação do interesse dos marqueteiros de Serra: "fez até elogios a Lula"... Bonner levantou a bola para Serra cortar.

Detalhe: no vídeo nota-se Serra remexendo-se na cadeira, e engolindo em seco, antes de responder.

José Serra: Olha, o Lula não é candidato a presidente. O Lula, a partir de 1º de janeiro, não vai ser mais presidente da República. Quem estiver lá vai ter de conduzir o Brasil. Não há presidente que possa governar na garupa, ouvindo terceiros ou sendo monitorado por terceiros. Eu estou focado no futuro. Hoje tem problemas e tem coisas boas. O que nós temos que fazer? Reforçar aquilo que está bem e corrigir e poder melhorar aquilo que não andou direito. É por isso que eu tenho enfatizado sempre que o Brasil precisa e que o Brasil pode mais. Onde? Na área da saúde, na área da segurança, na área da educação, inclusive do ensino profissionalizante. Meu foco não é o Lula. Ele não está concorrendo comigo.

Serra foi muito ruim... era só cortar a bola levantada... e ele errou 3 vezes:
1ª) Lula não é candidato a presidente, mas tem candidata. Querer tirar a influência do presidente no pleito é um erro. Empurra com a barriga um duelo que ele vai ter que enfrentar. É um erro enfrentar mais à frente, quando estiver mais fraco, e sem tempo para corrigir rumos. 
Serra irritou o eleitor que gosta de Lula, mas ainda não tem candidato, ao querer "aposentá-lo" ou "cassá-lo" do processo político antes da hora.
2ª) Quando ele disse "não há presidente que possa governar na garupa", ele tenta desqualificar a adversária, e com argumento bobo, em vez de mostrar suas próprias qualidades. Isso transparece inveja, fraqueza e insegurança. Não agrada aos eleitores. Além disso, a imagem de uma mulher muito inteligente e capaz, que Dilma passou em sua entrevista na segunda-feira, não combina com alguém que ficaria apenas na garupa.
3ª) Para convencer alguém a votar nele, não adianta só apontar problemas e dizer que vai melhorar. Isso todo político diz. É preciso ter credibilidade, e Serra não tem na área de segurança, nem na de educação, e na saúde só tem um pouco ainda, porque é produto de propaganda enganosa e da blindagem da imprensa, que vem sendo desmascarada graças à internet. Trataremos disso mais adiante.


William Bonner: Entendo. Agora, candidato, o senhor avalia o risco que o senhor corre de essa sua postura ser interpretada como um receio de ter que enfrentar a popularidade alta do presidente Lula?

Olha o Bonner levantando a mesma bola de novo, para ver se Serra acerta dessa vez.

José Serra: Não, não vejo por quê. Eu acho que as pessoas estão preocupadas com o futuro, né? Quem vai tocar o Brasil, quem tem mais condições de poder tocar o Brasil para a frente, que não é uma tarefa fácil. Inclusive de pegar aqueles problemas que hoje a população considera como os mais críticos e resolvê-los. Dou como exemplo, novamente, entre outros, a questão da saúde. Então, o importante agora é isso. E as pessoas estão nisso. O governo Lula fez coisas positivas, né? Outras coisas, deixou de fazer. A discussão não é o Lula. A discussão é o que vem para a frente, tá certo? Os problemas do Brasil de hoje e o que tem por diante.

Serra errou pela 4ª vez. Repetiu o terceiro erro citado acima: Para convencer alguém a votar nele, não adianta só apontar problemas e dizer que vai melhorar, porque isso todo político faz. O erro foi pior porque não foi só no conteúdo. Foi também na forma. A resposta de Serra foi um amontoado de obviedades descritas de forma pouco inteligível. Alguém entendeu o que ele quis dizer exatamente com "Dou como exemplo, novamente, entre outros, a questão da saúde. Então, o importante agora é isso. E as pessoas estão nisso"...?

Fátima Bernardes: O senhor tem insistido muito na tecla de que o eleitor deve procurar comparar as biografias dos candidatos que estarão concorrendo, que estão concorrendo nesta eleição. O senhor evita uma comparação de governos. Por exemplo, por quê, entre o governo atual e o governo anterior?

Fátima jogou pétalas para o candidato, suavizando a pergunta, que deveria ser: por que então o senhor esconde seu papel como ministro do planejamento, homem forte, e escolhido em 2002 para sucessor de FHC?

José Serra: Olha, porque são condições diferentes. Eles governaram em períodos diferentes, em circunstâncias diferentes. O governo anterior, do Fernando Henrique, fez uma... muitas contribuições ao Brasil, entre elas o Plano Real. A inflação era de 5.000% ao ano, né? E ela foi quebrada a espinha. As novas gerações nem têm boa memória disso. E várias outras coisas que o governo Lula recolheu e seguiu. O Antonio Palocci, que foi ministro da Fazenda do Lula e hoje é o principal assessor da candidata do PT, nunca parou de elogiar, por exemplo, o governo Fernando Henrique. Mas nós não estamos fazendo uma disputa sobre o passado. É como se eu ficasse discutindo, para ganhar a próxima Copa do Mundo, quem foi o melhor técnico: o Scolari ou o Parreira?

Serra falou a primeira grande mentira da noite. O plano Real foi feito no governo de Itamar Franco (será ele gostou de ser ignorado pelo Serra na TV?). FHC veio em seguida, e passou 8 anos sem dar nenhum passo adiante. Promoveu um populismo fiscal e cambial no primeiro mandato, que quebrou o país, mas ganhou a reeleição, e governou no segundo mandato remendando o país quebrado.

Fátima Bernardes: Mas...

José Serra: E o Mano Menezes, Fátima, desculpe, fosse estar preocupado em saber quem era melhor para efeito de ganhar a Copa de 14. Isso é uma coisa que os adversários fazem para tirar o foco de que o próximo presidente vai ter de governar e não pode ir na garupa. E tem que ter ideias também. Não só coisas que fez no passado, mas também ideias a respeito do futuro.

A comparação com futebol também foi falsa. Lula é um craque e sairá do governo com mais de 80% de aprovação. FHC saiu com baixíssima popularidade, está mais para o que chamam de "era Dunga" (sendo injusto com Dunga, porque ele, no futebol, é muito superior e vitorioso do que FHC, na presidência).

Fátima Bernardes: Mas, por exemplo, avaliar, analisar fracassos e sucessos não ajuda o eleitor na hora de ele decidir pelo voto dele?

Olha a Fátima levantando a mesma bola de novo, para ver se Serra acerta dessa vez.

José Serra: Por isso... E é isso o que eu estou fazendo. Por exemplo, mostro na saúde. Eu fui ministro da Saúde. Fiz os genéricos, os mutirões, a campanha contra a Aids que foi considerada a melhor campanha contra a Aids do mundo, uma série de coisas. A saúde, nos últimos anos, não andou bem. Por exemplo, queda, diminuição do número de cirurgias eletivas, aquelas que não precisa fazer de um dia para o outro, mas são muito importantes. Caiu, né? Pararam os mutirões. Muita prevenção que se fazia acabou ficando para trás. Faltam ainda hospitais nas regiões mais afastadas dos grandes centros. Tem problemas com as consultas, tem problemas de demoras. Enfim, tem um conjunto de coisas, inclusive relacionadas por exemplo com a saúde da mulher. Tudo isso precisa ser equacionado no presente. Eu estou apontando os problemas existentes.

Serra falou a segunda grande mentira da noite: Os genéricos não foi Serra quem fez. Foi Jamil Haddad no governo Itamar Franco (novamente ignorado por Serra).

Em seguida falou a terceira grande mentira: o programa da Aids não foi de Serra, foi de Lair Guerra e Adib Jatene.

Quanto às cirgurgias eletivas, foram elas ou as fraudes no SUS que diminuíram? Muitas cirurgias que não existiam eram cobradas e contabilizadas como se tivessem sido feitas. Além disso, as pessoas que subiram de classe social, e que arranjaram empregos formais, e tiveram acesso a planos de saúde, e não usaram o SUS, como entram nesta contabilidade?

Serra insiste em mutirões como solução em saúde para o SUS. Mutirão é quebra-galho, não é rede de saúde planejada, que o povo merece, e que funciona.

William Bonner: Agora, candidato, vamos ver uma questão... O senhor me permita, para a gente poder conversar melhor.

José Serra: Sim, sim, claro.

William Bonner: Uma questão política. Nesta eleição, existem contradições muito claras nas alianças formadas pelos dois partidos que têm polarizado as eleições presidenciais brasileiras aí nos últimos 16 anos, né? O PT se aliou a desafetos históricos. O seu partido, o PSDB, está ao lado do PTB, um partido envolvido no escândalo do mensalão petista, no escândalo que inclusive foi investigado e foi condenado de forma muito veemente pelo seu partido, o PSDB. Então, a pergunta é a seguinte: o PSDB errou lá atrás quando condenou o PTB ou está errando agora quando se alia a esse partido?

Bonner fingiu ser duro com Serra com perguntas incômodas, mas na verdade estava levantando a bola para Serra atacar o PT, tanto é que nem tocou no assunto "mensalão do DEM", nem do mensalão tcano, do Eduardo Azeredo (PSDB/MG).

José Serra: William, é uma boa pergunta. O PTB, no caso de São Paulo, por exemplo, sempre esteve com o PSDB, de uma ou de outra maneira. Isso teve uma influência grande na aliança nacional. Os partidos, você sabe, são muito heterogêneos. O personagem principal... Os personagens principais do mensalão nem foram do PTB. Os personagens principais foram do PT, aliás, mediante denúncia do Roberto Jeferson, que era então líder do PTB.

Serra cortou a bola levantada para atacar o PT. 

Mas errou feio (pela 5ª vez) ao defender Roberto Jefferson, dizendo que ele era denunciante. Não era apenas denunciante, Roberto Jefferson é réu e teve seu mandato cassado por falta de ética.


William Bonner:
Os nomes de petebistas, todos, uma lista muito vasta, começando pelo Maurício Marinho.

Bonner insiste no assunto, para requentá-lo e manter em evidência na entrevista. Levantou de novo a bola para Serra cortar.

José Serra: Você tem 40 lá no Supremo Tribunal Federal...

Willlam Bonner: Não, exato.

José Serra: E o PT ganha disparado.

Serra cortou a bola levantada por Bonner para atacar o PT, se esquivando de explicar sua relação com Roberto Jefferson. 

William Bonner: Mas não há nenhum constrangimento para o senhor pelo fato de esta aliança por parte do seu partido, o PSDB, ter sido assinada com o PTB pelas mãos do presidente do partido que teve o mandato cassado inclusive com votos de políticos do seu partido, o PSDB? Isso não provoca nenhum tipo de constrangimento?

O aparente "aperto" não passa de pautar a entrevista em torno de desgastar o PT.

José Serra: Olha, o Roberto Jefferson, é o presidente do PTB, ele não é candidato. Ele conhece muito bem o meu programa de governo, o meu estilo de governar. O PTB está conosco dentro dessa perspectiva. Eu não tenho compromisso com o erro. Aliás, nunca tive na minha vida. Tem coisa errada, as pessoas pagam, né? Quem é responsável por si é aquele que comete o erro, é ele que deve pagar. Eu não fico julgando. Mas eu não tenho compromisso com nenhum erro. Agora, quem está comigo sabe o jeito que eu trabalho. Por exemplo, eu não faço aquele loteamento de cargos. Para mim, não tem grupinho de deputados indicando diretor financeiro de uma empresa ou indicando diretor de compras de outra. Por quê? Para que que um deputado quer isso? Evidentemente não é pra ajudar a melhorar o desempenho. É para corrupção. Comigo isso não acontece. Não aconteceu na saúde, no governo de São Paulo e na prefeitura.

Serra errou (pela 6ª vez), por que caiu na 1ª contradição. A defesa que ele faz do relacionamento com Roberto Jefferson, contradiz as críticas que ele fez ao PT. O povo não é bobo.

Serra falou a quarta mentira: até político de Mato Grosso (Antero Paes de Barros) e Pernambuco (Roberto Freire), que estavam desempregados, ele arrumou uma boquinha na SABESP e na Prefeitura de São Paulo.

Fátima Bernardes: Candidato, nesta eleição, quer dizer, o senhor destaca muito a sua experiência política. Mas na hora da escolha do seu vice, houve um certo, um certo conflito com o DEM exatamente porque houve uma demora para o aparecimento desse nome. Muitos dos seus críticos atribuem essa demora ao seu perfil centralizador. O nome do deputado Índio da Costa apareceu 18 dias depois da sua oficialização, da convenção que oficializou a sua candidatura. É... O senhor considera que o deputado, em primeiro mandato, está pronto para ser o vice-presidente, uma função tão importante?

Fátima suavizou a pergunta. Ela teria que ter perguntado se José Roberto Arruda (ex-DEMos), seria o vice, caso não fosse preso no mensalão do DEM. Deveria perguntar também, sobre os problemas com Aécio, sobre a recusa em ser vice.

José Serra: Está. Fátima, deixa só eu te dizer uma coisa. Eu não sou centralizador. Eu sei que tenho a fama de centralizador. Mas no trabalho, eu delego muito. Eu sou mais um cobrador. Eu acompanho tudo.

Fátima Bernardes: Eu falei centralizador porque até no seu discurso de despedida do governo de São Paulo, o senhor mesmo explicou sobre essa fama de centralizador.

José Serra: Que eu não era centralizador. E todo muito que trabalha comigo sabe disso, eu delego muito. Agora, eu acompanho porque quem coordena, quem chefia tem que acompanhar para as coisas acontecerem. A questão da vice estava orientada numa direção. Por circunstancias políticas, acabou não acontecendo. E o Índio da Costa, que foi o escolhido, estava entre os nomes que a gente cogitava. Só que isso não tinha ido para a opinião pública porque senão é uma fofoca só. Fulano, cicrano, isso e aquilo. Ele disputou quatro eleições, é um homem de 40 anos e foi um dos líderes da aprovação do ficha limpa no Congresso. Eu acho que...

Fátima Bernardes: Mas a experiência dele é municipal, na verdade, não é? Ele teve três mandatos de vereador, o senhor acha que isso o qualifica?

José Serra: E um mandato deputado federal.

Fátima Bernardes: Que ele está exercendo pela primeira vez.

José Serra: Eu acho que isso o qualifica perfeitamente. O que vale é a experiência na vida pública. Tem livros sobre administração e eu insisto. Sua atuação no Congresso Nacional foi marcada pelo ficha limpa. Se você for pegar também outros vices, do ponto de vista da experiência pública, cada um tem suas limitações. Mas eu não estou aqui para ficar julgando os outros. Eu só sei que o meu vice, jovem, ficha limpa, preparado, com muita vontade, e do Rio de Janeiro, é um vice adequado. Eu me sinto muito bem com ele. Agora, devo dizer o seguinte...

Serra caiu na 2ª contradição. Ele defende seu vice dizendo que um deputado federal pela primeira vez, do baixo clero, é "perfeitamente qualificado", enquanto tenta desqualificar Dilma, que já ocupou cargos muitos mais importantes e se saiu muito bem. Serra desmontou suas próprias críticas à Dilma, ao defender seu vice.

Quinta mentira: a ficha do vice está suja e lambuzada de merenda escolar, segundo uma vereadora, tucana acima de qualquer suspeita.

William Bonner: Candidato... Candidato.

José Serra: Eu tenho muito boa saúde. Ninguém está sendo vice comigo achando que eu não vou concluir o mandato.

Serra errou ao dizer isso. Falou demais, e errou duas vezes (7º e 8º erro):

1ª) Chamou atenção para algo que a maioria dos telespectadores não estava pensando, e foram induzidos a ser perguntar: E se o Serra faltar? É aquele Indio da Costa que será presidente?

2ª) Na prática, disse que o vice é de "brincadeirinha", desqualificando-o, depois de tê-lo defendido.

William Bonner: Mas um vice não assume só nessas circunstâncias...

Fátima Bernardes: Trágicas.

Agora foi a Fátima quem, sem querer, colocou "a pulga atrás da orelha" do telespectador ...

José Serra: Mas, enfim... Eu não sei até que ponto...

William Bonner: Candidato, eu gostaria de abordar um pouquinho também da sua passagem pelo governo de São Paulo. O senhor foi governo em São Paulo durante quatro anos, seu partido está no poder em São Paulo há 16 anos. Então é razoável que a gente avalie aqui algumas dessas ações. A primeira que eu colocaria em questão aqui é um hábito que o senhor mesmo tem de criticar o modelo de concessão das estradas federais. De outro lado, os usuários, muitos usuários das estradas estaduais de São Paulo que estão sob regime de concessão, se queixam muito do preço e da frequência com que são obrigados a parar para pedágio, quer dizer, uma quantidade de praças de pedágio que eles consideram excessiva. Pergunta: o senhor pretende levar para o Brasil inteiro esse modelo de concessão de estradas estaduais de São Paulo?

Bonner suavizou muito a pergunta. E a fez muito longa, dispersando a atenção do telespectador que não conheça os abusos dos pedágios paulistas.

José Serra: Olha, antes disso. No caso de São Paulo, tem uma pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes, um organismo independente: 75% dos usuários das estradas do Brasil acham as paulistas ótimas ou boas. 75%, um índice de aprovação altíssimo. Isso para as federais é apenas 25%. De cada dez estradas federais, sete estão esburacadas. São as rodovias da morte. Na Bahia, em Minas, BH, Belo Horizonte, Governador Valadares, em Santa Catarina. Enfim, por toda a parte. O governo federal fez um tipo de concessão que não está funcionando.

Serra falou a sexta mentira: nesta mesma pesquisa Pesquisa rodoviária da CNT quele citou, realizada em 2009, mostra em relação aos 87.552 quilômetros avaliados: Pavimentação (págs. 32 a 35, do Relatório Gerencial): 94,3% não apresentam buracos. De onde ele tirou essa mentira que 7 em cada 10 estão esburacadas?

William Bonner: Mas a que o senhor fez motivou críticas quanto ao preço. Então a questão que se impõe é a seguinte, candidato: não existe um meio termo? Ou o cidadão brasileiro tem uma estrada boa e cara ou ele tem uma estrada ruim e barata. Não tem um meio termo nessa história?

José Serra: Eu acho que pode ter uma estrada boa que não seja cara, se você trabalhar direito. Por exemplo, a concessão que eu fiz da Ayrton Senna. O pedágio anterior era cobrado pelo órgão estadual. Caiu para a metade o pedágio. É que realmente, geralmente, os exemplos bons não veem...

A rodovia  Ayrton Senna, a única que Serra cita como tendo "reduzido" o pedágio, tem apenas 48,3 Km. E os milhares de Km das outras rodovias pedagiadas de São Paulo, cujos pedágios só subiram?
Detalhe: o pedágio da Ayrton Senna só diminuiu porque ela corre paralela à via Dutra. Se o pedágio fosse mais caro do que na Dutra, quase ninguém a usaria.

William Bonner: Mas esse modelo vai ser exportado para as estradas federais?

José Serra: Esse modelo que diminuiu pode ser adotado, porque você tem critérios para ser examinados. O governo federal fez estradas pedagiadas. Só que estão, por exemplo, no caso de São Paulo, a Régis Bittencourt, que é federal, ela continua sendo a rodovia da morte. E a Fernão Dias, Minas-São Paulo, está fechada. Você percebe? Nunca o Brasil esteve com as estradas tão ruins. Agora, tem mais: em 1000 é, é, no começo de 2003 para cá, foram arrecadados R$ 65 bilhões para transportes, para estradas na Cide. É um imposto. Sabe quanto foi gasto disso pelo governo federal? Vinte e cinco. Ou seja, foram R$ 40 bilhões arrecadados dos contribuintes para investir em estradas do governo federal que não foram utilizados. A primeira coisa que eu vou fazer, William, é utilizar esses recursos para melhorar as estradas. Não é o assunto de concessão que está na ordem do dia. É gastar. É entender o seguinte: por que de cada R$ 3 que o Governo Federal arrecadou, foram 65, ele gastou um terço disso? É uma barbaridade.

Serra errou (pela 9ª vez) ao apavorar os brasileiros com a ameaça de extender o modelo de pedágios paulista, com tarifas abusivas para o resto do Brasil.

A principal diferença nos pedágios federais na era Lula é que não são onerosos e a margem de lucro é baixa (próximo da taxa selic). O resultado é uma tarifa muito baixa. Os governos demo-tucanos paulistas fazem o contrário: concessão onerosa, que são repassadas às tarifas, e margem de lucro das concessionárias acima de 20% (um absurdo).

A sétima mentira: A rodovia Fernão Dias não está fechada.

A oitava mentira: A arrecadação da CIDE não é só para estradas. Ela é usada também para infra-estrutura do transporte urbano nas cidades, projetos ambientais, e para subsidiar o preço de combustíveis, quando necessário.

O IPVA (quase R$ 9 bilhões só em São Paulo em 2009) que é estadual e Serra recolheu como governador, é que deveria ser para conservar rodovias, e não se sabe para onde vai, nem como é gasto, já que as rodovias paulistas foram privatizadas. O cidadão paulista paga um pedágio caríssimo, e ainda paga um IPVA também bastante caro.

Fátima Bernardes: Nós estamos...

José Serra: Por isso as estradas federais estão nessa situação. Desculpa, Fátima, fala.

Fátima Bernardes: Não, candidato. É que como nós temos um tempo, eu queria dar ao senhor os 30 segundos para o encerramento, para o senhor se dirigir ao...

José Serra: Já passou?!

Fátima Bernardes: Já passou, já estamos, olhe lá, Onze e quarenta e sete e os seus eleitores.

José Serra: Olha, eu vim aqui, queria, em primeiro lugar, agradecer a vocês por essa oportunidade. Eu tenho uma origem modesta, meus pais eram muito modestos. Eu acho que eles nunca sonharam que um dia eu estaria aqui no Jornal Nacional, que eles assistiam diariamente, aliás pela segunda vez, falando como candidato a presidente da República. Eu devo a eles até onde eu cheguei. Devo a eles, devo à escola pública e acabei virando professor universitário, mas também sempre ligado às questões públicas, desde que eu fui presidente da União Nacional dos Estudantes até hoje. O que eu peço hoje...

Serra ensaiou, ensaiou, ensaiou... e o que saiu foi isso aí.  

William Bonner: Seu tempo, candidato.

José Serra: Para concluir é o seguinte: eu acho que o Brasil pode continuar e pode melhorar muito. O que eu queria pedir às pessoas...

William Bonner: Candidato, o senhor me obriga a interrompê-lo, me perdoe, me perdoe.

José Serra: Não posso nem falar um pouquinho?

William Bonner: É em respeito... Não posso. Porque é em respeito aos demais candidatos que estiveram aqui. E eu sei que o senhor vai compreender. E eu quero agradecer a sua presença aqui.

José Serra: Não. Eu compreendo. Obrigado.

Quem pensou que Bonner foi "durão" com Serra, não conhece o outro lado da história.

Se o tempo fosse a mais para Serra, Dilma e Marina teriam direito a voltar ao Jornal Nacional outro dia para completar o tempo igual para todos, de acordo com as leis eleitorais.

Fonte: Blog Os amigos do Presidente Lula

DILMA 9 X 0 BONNER, NO JORNAL NACIONAL

Como foi a entrevista de Dilma Rousseff no Jornal Nacional:
William Bonner: O Jornal Nacional dá início nesta segunda-feira a uma série de entrevistas ao vivo com os principais candidatos à presidência da República. Nós vamos abordar aqui temas polêmicos das candidaturas e também confrontar os candidatos com suas realizações em cargos públicos. Claro que não seria possível esgotar esses temas todos em uma única entrevista, mas nas próximas semanas os candidatos estarão também no Bom Dia Brasil e Jornal da Globo.
O sorteio realizado com a supervisão de representantes dos partidos determinou que a candidata do PT, Dilma Rousseff, seja a entrevistada de hoje. Nós agradecemos a presença da candidata. Boa noite, candidata.
Dilma Rousseff: Boa noite.
William Bonner: E informamos também que o tempo de 12 minutos da entrevista passa a contar a partir de agora. Candidata, o seu nome como candidata do PT à presidência foi indicado diretamente pelo presidente Lula, ele não esconde isso de ninguém. Algumas pessoas criticaram, disseram que foi medida autoritária, por não ter ouvido as bases do PT. Por outro lado, a senhora não tem experiência eleitoral nenhuma até esse momento. A senhora se considera preparada para governar o Brasil longe do presidente Lula?
Dilma 1 x 0: Olha, William, olha, Fátima, eu considero que eu tenho experiência administrativa suficiente. Eu fui secretária municipal da Fazenda, aliás, a primeira secretária municipal de Fazenda de capital. Depois eu fui sucessivamente, por duas vezes, secretária de Energia do Rio Grande do Sul. Assumi o ministério de Minas e Energia, tambem fui a primeira mulher, e fui coordenadora do governo ao assumir a chefia da Casa Civil. Como vocês sabem, é o segundo cargo mais importante na hierarquia do governo federal. Então, eu me considero preparada para governar o país. E mais do que isso, eu tenho experiência, eu conheço o Brasil de ponta a ponta, conheço os problemas.
William Bonner: Mas a sua relação com o presidente Lula, a senhora faz questão de dizer que é muito afinada com ele. Junto a isso, o fato de a senhora não ter experiência e ter tido o nome indicado diretamente por ele, de alguma maneira a senhora acha que isso poderia fazer com que o eleitor a enxergasse ou enxergasse o presidente Lula como um tutor de seu governo, caso eleita?
Dilma 2 x 0: Você sabe, Bonner, o pessoal tem de escolher o que é que eu sou. Uns dizem que sou mulher forte, outros dizem que eu tenho tutor. Eu quero te dizer o seguinte: a minha relação política com o presidente Lula, eu tenho muito orgulho dela. Eu participei diretamente com o presidente, fui braço direito e esquerdo dele nesse processo de transformar o Brasil num país diferente, num país que cresce, distribui renda, em que as pessoas têm pela primeira vez, depois de muitos anos, a possibilidade de subir na vida. Então, não vejo problema nenhum na minha relação com o presidente Lula. Pelo contrário, vejo que até é um fator muito positivo, porque ele é um grande líder, e é reconhecido isso no mundo inteiro.
Fátima Bernardes: A senhora falou em temperamento. Alguns críticos, muitos críticos e alguns até aliados falam que a senhora tem um temperamento difícil. O que a gente espera de um presidente é que ele, entre outras coisas, seja capaz de fazer alianças, de negociar, ter habilidade política para fazer acordos. A senhora de que forma pretende que esse temperamento que dizem ser duro e difícil não interfira em seu governo caso eleita?
Dilma 3 x 0: Fátima, estava respondendo justamente isso, eu acho que têm visões construídas a meu respeito. Acho que sou uma pessoa firme, acho que em relação aos problemas do povo brasileiro eu não vacilo, acho que o que tem que ser resolvido prontamente, nós temos que fazer um enorme esforço. Eu me considero hoje, até pelo cargo que ocupei, extramamente preparada no sentido do diálogo. Nós do governo Lula somos eminentemente um governo do diálogo. Em relação aos movimentos sociais, você nunca vai ver o governo do presidente Lula tratando qualquer movimento social a cassetete. Primeiro nós negociamos, dialogamos. Agora, nós tambem sabemos valer a nossa autoridade. Nada de ilegalidade nós compactuamos.
Fátima Bernardes: Agora, no caso, por exemplo, a senhora falou de não haver cassetete, mas talvez a forma de a senhora se comportar. O próprio presidente Lula, este ano em discurso durante uma cerimônia de posse de ministros, ele chegou a dizer que achava até natural haver queixas contra a senhora, mas que ele recebeu na sala dele várias pessoas, colegas, ex-ministros, ministros, que iam lá se queixar que a senhora os maltratava.
Dilma 4 x 0: Olha, Fátima, é o seguinte, no papel, sabe dona de casa? No papel de cuidar do governo é meio como se a gente fosse mãe, tem uma hora que você tem de cobrar resultados. Quando você cobra resultados, você tem de cobrar o seguinte: olha, é preciso que o Brasil se esforce, principalmente o governo, para que as coisas aconteçam, para que as estradas sejam pavimentadas, para que ocorra saneamento. Então tem uma hora que é que nem, você imagina lá sua casa, a gente cobra. Agora, tem outra hora que você tem de incentivar, garantir que a pessoa tenha estímulo para fazer.
Fátima Bernardes: Como mãe eu entendo, mas como presidente não tem uma hora que tem que ter facilidade de negociar, por exemplo, futuramente no Congresso, com líderes mundiais, ter um jogo de cintura ai?
William Bonner Não Deixa Dilma responder: O presidente falou em maltratar, não é, candidata?
Dilma Rousseff: Não, o presidente não falou em maltratar, o presidente falou que eu era dura.
William Bonner: Não, ele disse isso. A senhora me perdoe, mas o discurso dele está disponível. Ele disse assim: as pessoas diziam que foram maltratadas pela senhora. Mas a gente também não precisa ficar nessa questão até o fim, têm outros temas.
Dilma está certa: no contexto das palavras do Presidente Lula, ele em nenhum momento confirma que Dilma "maltratava" companheiros de trabalho. Disse que havia pessoas que queixaram de que teria sido maltratadas, que Dilma "tinha sido muito dura... o que também é normal", nas palavras do presidente. Bonner, diante do telespectador, é quem ficou com imagem de entrevistador que maltrata seus convidados.
Dilma 5 x 0: É muito difícil, depois de anos e anos de paralisia, e houve isso no Brasil. O Brasil saiu de uma era de desemprego, desigualdade e estagnação para uma era de prosperidade. Nós tínhamos perdido a cultura do investimento, aí houve uma força muto grande da minha parte nesse sentido, de cumprir meta, de fazer com que o governo Lula fosse esse sucesso que tenho certeza que está sendo.
William Bonner: A senhora tem na sua candidatura, além do apoio do presidente, alianças formadas. Por exemplo, a do deputado Jader Barbalho, do senador Renan Calheiros, da família Sarney, a senhora tem o apoio do ex-presidente Fernando Collor. São todas figuras da política brasileira, que, ao longo de muitos anos, o PT, o seu partido, criticou severamente, eram considerados como oligarcas pelo PT. Quando foi que o PT errou: quando fez aquelas críticas todas ou está errando agora, quando botou todo mundo debaixo do mesmo guarda-chuva?
Dilma 6 x 0 (um gol de placa): Eu perguntaria outra coisa: aonde foi que o PT acertou? Quando percebeu que governar um país com a complexidade do Brasil implica necessariamente na sua capacidade de construir uma aliança ampla. O PT não tinha experiência de governo e agora tem. Nós não erramos e vou te explicar em que sentido: não é que nós aderimos ao pensamento de quem quer que seja. O governo Lula tinha uma diretriz: focar na questão social, fazer com que o país tivesse a oportunidade, primeiro, de um país que era considerado dos mais desiguais do mundo, diminuir a pobreza em 24 milhões. Um país em que as pessoas não subiam na vida elevou para as classes médias 31 milhões de brasileiros. Para fazer isso, quem nos apóia, aceitando os nossos princípios e aceitando as nossas diretrizes de governo, a gente aceita do nosso lado. Não nos termos de quem quer que seja, mas nos termos de um governo que quer levar o Brasil para um outro patamar.
William Bonner: O resumo é: o PT não errou nem naquela ocasião, nem agora.
Dilma Rousseff: Eu acho que o PT não tinha tanta experiência, eu reconheço isso. Ninguém pode achar que um partido como o PT, que nunca tinha estado no Governo Federal, tivesse, naquele momento, a mesma experiência que tem hoje. Acho que o PT aprendeu muito, mudou, porque a capacidade de mudar é importante.
William Bonner: O PT tem hoje nas costas oito anos de governo, então é razoável que a gente aborde aqui alguma das realizações. Vamos discutir um pouco o desempenho do governo em algumas áreas, começando pela economia. O governo comemora muito melhoras da área econômica, no entanto, o que a gente observa, é que quando se compara o crescimento do Brasil com países vizinhos, como Uruguai, Argentina, Bolívia, e também com os pares dos Brics, os chamados países emergentes, como China, Índia, Rússia, o crescimento do Brasil tem sido sempre menor do que o de todos eles. Por quê?
Dilma 7 x 0: Eu acredito que nós tivemos um processo muito mais duro no Brasil com a crise da dívida e com o governo que nos antecedeu. Eu acho que o Uruguai e a Bolívia são países, sem nenhum menosprezo, acho que os países pequenos têm que ser respeitados, do tamanho de alguns estados menores no Brasil, que é um país de 190 milhões habitantes. Nós tivemos um processo no Brasil muito duro. Quando chegamos no governo, a inflação estava fora de controle. Nós tínhamos uma dívida com o Fundo Monetário, que vinha aqui e dava toda a receita do que a gente ia fazer. Nós tivemos que fazer um esforço muito grande para colocar as finanças no lugar e depois, com estabilidade, crescer. Este ano, a nossa discussão é que estamos entre os países que mais crescem no mundo, estamos com a possibilidade de ter uma taxa de crescimento de 7% do Produto Interno Bruto. Sem fazer comparações, a queda da economia na Rússia no ano passado foi terrível. Criamos quase 1,7 milhão empregos no ano da crise.
Fátima Bernardes: Vamos falar um pouquinho de outro problema, que é o saneamento. Segundo dados do IBGE, o saneamento no Brasil passou de 46,4 para 53,2 no governo Lula, um aumento pequeno, de 1 ponto percentual mais ou menos ao ano. Por que o resultado fraco numa área que é muito importante para a população?
Dilma 8 x 0: Porque nós vamos ter um resultado excepcional a partir dos dados da pesquisa feita em 2010. Talvez uma das áreas em que eu mais me empenhei foi área de saneamento, porque o Brasil investia menos de R$ 300 milhões no país inteiro. Hoje, aqui no Rio, na favela da Rocinha, que eu estive hoje, nós investimos mais de R$ 270 milhões. Nós lançamos o Programa de Aceleração do Crescimento, para o caso do saneamento, na metade de 2007. Começou a amadurecer porque o país parou de fazer projetos. Prefeitos e governadores apresentaram os projetos agora, em torno do início de 2008, e aceleraram. Eu estava vendo recentemente que nós temos hoje uma execução de obras no Brasil inteiro. No Rio, Rocinha, Pavão-Pavãozinho, Complexo do Alemão. Obras de saneamento, de habitação. A Baixada Santista, em São Paulo, e a Baixada Fluminense aqui no Rio de Janeiro tiveram um investimento monumental em saneamento.
Fátima Bernardes: A gente gostaria agora que a senhora, em 30 segundos, desse uma mensagem ao eleitor, se despedindo da sua participação no Jornal Nacional.
Dilma 9 x 0: Eu agradeço a vocês dois e quero dizer para o eleitor o seguinte: o meu projeto é dar continuidade ao governo do presidente Lula. Mas não é repetir. É a avançar e aprofundar, é basicamente este olhar social, que tira o Brasil de uma situação de país emergente e leva o nosso país a uma situação de país desenvolvido com renda, com salário decente, com professores bem pagos e bem treinados. Eu acredito que é a hora e a vez do Brasil e nós vamos chegar a uma situação muito diferente, cada vez mais avançada no final deste governo em 2014.”

FONTE: Blog “Os amigos do Presidente Lula”.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Há 60 anos: Guerra da Coreia, a primeira derrota militar estadunidense


Por Augusto Buonicore *

Há 60 anos eclodiu a guerra da Coreia. Este episódio, definitivamente, marcou o século 20. Foi primeiro conflito armado entre os dois campos nos quais se dividia o mundo: o socialista e o imperialista. Os Estados Unidos e seus aliados se utilizaram dos métodos mais bárbaros, como bombardeios massivos de alvos civis e utilização de armas bacteriológicas.

Também foi ali que a principal potência capitalista sofreu sua primeira derrota numa guerra. Foi vencida pelo aguerrido exército popular norte-coreano, comandado por Kim Il-sung e pelos voluntários chineses.

Em outubro de 1949 foi proclamada a República Popular da China. O povo chinês, dirigido por Mao Tse-Tung, havia imposto uma grande derrota aos planos hegemonistas do imperialismo na Ásia. Alguns meses depois, o presidente Mao era recebido, com todas as honras, por Stalin na União Soviética. Os governos daqueles dois grandes países – agora dirigidos por forças socialistas – assinaram importantes acordos de cooperações econômico e militar. Formou-se, assim, um vasto campo democrático-popular que abarcava o leste da Europa e parte significativa do território asiático.

O avanço socialista e a guerra fria

Um pouco antes, outro acontecimento havia tirado o sono do governo dos Estados Unidos e de seus aliados ocidentais. A URSS explodiu seu primeiro artefato nuclear e quebrou, assim, o monopólio atômico estadunidense.

Desde então, a histeria anticomunista propagou-se nos principais países capitalistas. O ex primeiro ministro inglês Winston Churchill, num discurso feito nos Estados Unidos, declarou que uma “cortina de ferro” havia descido sobre a Europa oriental. Este era o sinal para o inicio do que se chamaria guerra fria.

Até a vitória da revolução chinesa, as próprias autoridades militares estadunidenses afirmavam que a península coreana estava fora do seu perímetro de segurança. Ou seja, sua localização geográfica não ameaçava diretamente os interesses daquela potência imperialista.

No entanto, nos círculos mais conservadores dos Estados Unidos, fortalecia a opinião de que todo planeta deveria ser considerado seu perímetro de segurança. Não era se deveria ceder um milímetro ao avanço das forças simpáticas ao socialismo. Haveria agora dois mundos antagônicos: o mundo comunista e o “mundo livre”. Deste último, comandado pelos EUA, fazia parte os regimes fascistas da Espanha e Portugal – e, também, as ditaduras latino-americanas.

A guerra quente na Coreia

A península da Coreia havia sido ocupada por mais de 40 anos pelo imperialismo japonês, que tentou transformá-la numa colônia, destruindo sua cultura e identidade nacional. Uma dura luta de resistência foi travada pelos comunistas, liderados pelo jovem Kim Il-sung. Durante a Segunda Guerra Mundial, eles conseguiram um aliado imprevisto: os Estados Unidos. Este último, atacado pelo Japão, entrou na guerra e concentrou suas ações militares na Ásia.

Nos primeiros anos da guerra, os soviéticos travavam lutas titânicas contra os poderosos exércitos de Hitler na frente européia. Depois de derrotá-los, passou a dar um maior apoio à libertação da China e da Coreia, contribuindo decididamente na expulsão dos invasores japoneses. Mas, o território coreano – como aconteceu com a Alemanha – acabou sendo dividido em duas zonas de ocupação militar, demarcadas pelo paralelo 38. O sul ficou sob supervisão dos Estados Unidos e o norte da URSS. O objetivo a médio prazo era unificar as duas partes numa única nação.

Porém, em agosto de 1948, desrespeitando o ritmo das negociações, os Estados Unidos promoveram a eleição de um governo títere no sul, fundando a República da Coreia. O novo presidente era Synghmam Rhee, um ardoroso anticomunista, que pensava unificar a península sob sua batuta, integrando-a ao campo imperialista. Como resposta, em setembro, foi constituída a República Popular da Coreia, presidida por Kim Il-sung.

Após a proclamação das duas repúblicas coreanas, os exércitos dos Estados Unidos e da URSS saíram da região. Acabava, assim, a tutela internacional. Contudo, as tensões entre os dois países – que não se reconheciam – aumentaram cada dia mais. As lideranças norte-coreanas denunciavam a ocorrência de constantes atos de provocação armada na sua fronteira. Esta foi a justificativa para que elas empreendessem uma grande ofensiva militar contra o governo de Synghmam Rhee, visando a unificação do país.

O Exército Popular da Coreia do Norte, em poucos dias, conquistou a capital sulista, Seul. A guerra parecia estar chegando ao fim, com uma vitória magistral das forças populares e socialistas. Este, com toda certeza, teria sido o resultado da guerra se a contenda tivesse ficado apenas nas mãos do povo coreano.

Invasão estrangeira e genocídio na Coreia

Os Estados Unidos, aproveitando-se da ausência da URSS, aprovou no Conselho de Segurança da ONU uma condenação à Coreia do Norte. Eles conseguiram também que a entidade formasse uma força especial de combate para “defender” a Coreia do Sul, ameaçada pelos comunistas. Os motivos para ausência dos soviéticos, que tinham direito a veto no Conselho de Segurança, são ainda desconhecidos.

Depois da fatídica decisão, que desmoralizou a ONU como instrumento da paz, soldados de 15 países foram mobilizados para combater na Coreia, embora o grosso das forças que lutaria naquele conflito viesse mesmo dos EUA. Por isso, o comando das operações militares coube ao general Douglas MacArthur, o mesmo que comandara os aliados na luta contra os japoneses no Pacífico.

Depois das várias derrotas desmoralizantes, que quase jogou seu exército de volta para o mar, encurralado numa estreita faixa de terra no sul da península, os EUA foram obrigados a mobilizar um aparato bélico ainda mais poderoso – o maior desde o final da Segunda Guerra Mundial. Seus aviões iniciaram os bombardeios criminosos por trás das linhas inimigas.

Começava nesse momento uma das páginas mais tenebrosas da história do século 20. Milhares de aviões despejavam diariamente toneladas de bombas sobre cidades e aldeias indefesas da Coreia do Norte. Todos os centros urbanos foram arrasados. Na capital não ficou nenhum edifício de pé. Pela primeira vez, foram usadas armas químicas e bacteriológicas em grande escala contra população civil. Os exércitos dos Estados Unidos e da ONU podiam, sem dificuldades, serem comparados aos de Hitler. Este era um claro sinal que tempos sombrios estavam chegando.

A entrada em cena dos aviões de caça soviéticos ajudou melhorar a situação, mas não pode quebrar a grande superioridade aérea dos Estados Unidos. A URSS era muito cautelosa para não ser acusada de estar envolvida no conflito ao lado dos norte-coreanos, contra uma decisão da ONU. Contudo, não há dúvida que sua ajuda foi decisiva, quer preparando os quadros militares norte-coreanos quer fornecendo os armamentos necessários. Vários pilotos e assessores soviéticos chegaram mesmo a participar dos combates.

O lado estadunidense não respeitou os acordos de Genebra. Os oficiais da Coreia do Sul mandavam degolar os soldados inimigos aprisionados. As fotos dessas cabeças decepadas, que correram o mundo, causaram embaraços para as forças da ONU. Também chocaram o mundo as imagens de mulheres e crianças carbonizadas sob os destroços das aldeias.

Cabe destacar o papel da URSS e do Movimento Comunista Internacional no desencadeamento de uma grande campanha – uma das maiores já vista na história – contra a agressão imperialista à Coreia, pela interdição das armas bacteriológicas e atômicas.

As tropas dos Estados Unidos e da ONU, desrespeitando o que fora lhes delegado, avançaram para além do paralelo 38, conquistando Pyongyang, capital nortista. Ficava claro que o plano era esmagar o Exército Popular, unificar a Coreia sob a batuta de Synghmam Rhee e transformá-la num protetorado americano na Ásia. O imperialismo teria assim uma importante “ponta de lança” contra a China.

A cartada chinesa

Os exércitos inimigos chegaram, perigosamente, muito próximos da fronteira chinesa, pondo em risco sua soberania e suas conquistas revolucionárias. Diante de tal ameaça, Mao Tse-Tung resolveu reagir, incentivando a formação de um Exército de Voluntários para combater ao lado do Exército Popular da Coreia do Norte, liderado por Kim Il-sung.

A partir de novembro de 1950 mais de um milhão de combatentes chineses atravessaram o rio Yalu e foram reforçar a luta de libertação do povo coreano. A ação, que pegou de surpresa os Estados Unidos, inverteu a sorte da guerra.

As tropas norte-coreanas e os voluntários chineses ultrapassaram o paralelo 38 e ocuparam novamente a capital da Coreia do Sul. O duro inverno – mais de 20 graus abaixo de zero – molestava as tropas invasoras. O quadro era bastante desolador para os Estados Unidos.

As derrotas sucessivas fizeram com que o general MacArthur apresentasse a proposta de bombardear o território chinês, expandindo a área de conflito, ameaçando transformá-lo numa guerra mundial. Diante da perspectiva real de vitória dos comunistas, o general chegou propor a utilização de armas atômicas contra a Coreia do Norte e a China.

Vários países aliados, como o Reino Unido, se alarmaram com tal possibilidade. Grandes manifestações foram realizadas em todas as partes do mundo pela paz na Coreia e contra utilização das armas atômicas. Por fim, o próprio presidente Truman não endossou as propostas temerárias do aventureiro MacArthur e o destituiu do comando das operações.

Profundamente desgastado pelos resultados da guerra, Truman desistiu de concorrer para um novo mandato presidencial e, em novembro de 1952, o candidato democrata foi derrotado pelo general republicano Dwight Eisenhower. Quase ao mesmo tempo em que os Estados Unidos “trocavam sua guarda”, em março de 1953, morria o líder soviético Joseph Stalin. Os novos dirigentes de Moscou se empenharam em dar um fim definitivo ao conflito.

A paz: uma derrota do imperialismo estadunidense

Apesar de todos os esforços realizados – que incluíram a re-conquista de Seul –, os exércitos estadunidenses não conseguiram ir muito além do paralelo 38. A guerra entrou numa espécie de “ponto morto”. Nenhum dos dois lados parecia ter condições de vencê-la. Iniciou-se, então, um longo e tortuoso processo de negociação de paz, que levaria vários anos. Durante todo período que durou as negociações, os EUA continuaram com sua política genocida contra a população norte-coreana. O armistício de Panmujon foi assinado em 27 de julho de 1953. Era o fim da Guerra da Coreia.

Segundo cálculos feitos pela própria ONU mais de 3 milhões de coreanos perderam suas vidas neste conflito. Toda infra-estrutura da Coreia do Norte foi destruída pelos sucessivos bombardeios. Agora a grande tarefa que se apresentava ao povo norte-coreano era a de reconstruir o país, a partir de suas próprias forças, e preparar-se ainda mais contra futuras agressões externas. Este era o preço que teriam que pagar pela manutenção de sua independência.

Os Estados Unidos perderam, entre mortos e feridos, 150 mil soldados. Eles só haviam tido tamanho número de baixas nas duas guerras mundiais e na Guerra Civil nos tempos de Lincoln. Outra consequência negativa para o país foi o fortalecimento do complexo industrial-militar que passaria ser o maior incentivador – e beneficiário – da política intervencionista estadunidense.

Sem dúvida, podemos dizer que a Guerra da Coreia representou a primeira grande derrota militar dos Estados Unidos, que até então eram considerados imbatíveis numa guerra. Foram derrotados pelo exército de um pequeno país asiático e pelos voluntários chineses. Encerrava-se, assim, o segundo grande capítulo da luta pela emancipação da Ásia, o primeiro foi a Revolução Chinesa. Outras páginas heróicas ainda seriam escritas no Vietnã, no Camboja e no Laos.

Augusto Buonicore é historiador e secretário-geral da Fundação Maurício Grabóis.

sábado, 7 de agosto de 2010

FELIZ DIA DOS PAIS

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Os 13 Pontos da Juventude -

JPT – UJS – JPMDB – JS/PDT – JSB – JPL

Versão 27 de Julho de 2010

1 - Construir uma nova escola do ponto de vista pedagógico e também estrutural, com ênfase na ampliação do ensino fundamental integral, na melhoria de qualidade e reestruturação do ensino médio e no fortalecimento da rede de ensino técnico e profissionalizante.

  • Implantação nos próximos anos de uma escola técnica e profissionalizante em municípios com mais de 50 mil habitantes, com meta de expansão de vagas e instituições.
  • Aumentar o acesso a cultura, esporte, inclusão digital e leitura nas dependências escolares.
  • Fortalecer os mecanismos de participação dos estudantes, bem como suas formas de organização, como os Grêmios Estudantis, Centros Culturais e Científicos.

2 - Aumentar a escolaridade da juventude, erradicando o analfabetismo, combatendo a evasão e reduzindo a defasagem idade/série através de programas de permanência e retorno à escola, que articulem transferência de renda, formação profissional e acesso a políticas públicas de cultura, esporte e lazer.

· Ampliação do Projovem para o ensino médio, através de uma grande modalidade que articule: conclusão do Ensino Médio, formação profissional, transferência de renda e o desenvolvimento da participação cidadã.

Serão componentes do programa:

- Auxílio financeiro, com ênfase na assistência estudantil, para que os jovens tenham condições de estudar e ter uma renda mínima compatível com a sua necessidade;

- Desenvolvimento de atividades como agente de programas culturais, esportivos, ambientais e sociais, com ênfase para aqueles desenvolvidos em sua comunidade.

- Ampliação das possibilidades de formação profissional.

- Condicionalidade de freqüência escolar de 75%.

O público-alvo do programa será aqueles jovens que tem renda familiar per capita de até meio salário mínimo e:

- Estão cursando Ensino Médio Regular, com idade entre 15 e 17 anos;

- Estão cursando o Ensino Fundamental através de EJA, e tem idade entre 15 e 17 anos;

- Estão cursando o Ensino Médio através de EJA ou já concluíram o Ensino Fundamental, com idade entre 18 e 29 anos;

3 -  Ampliar a oferta de ensino superior público, criando as bases para atingir 50% dos jovens com idade entre 18 e 24 anos, em uma proporção nunca inferior a 40% do total das vagas públicas e garantir a regulamentação e qualidade do conjunto do ensino superior privado;

  • Ampliar as possibilidades de acesso e permanência na universidade para jovens de baixa renda e afrodescendentes, através da ampliação do Plano Nacional de Assistência Estudantil, cotas étnico-raciais e reserva de vagas para estudantes oriundos da escola pública.

  • Garantir a interiorização da universidade pública, com cursos e metodologias voltadas às diversas realidades da agricultura familiar e camponesa, possibilitando o acesso dos jovens rurais ao ensino superior.

  • Dar continuidade ao processo de expansão da rede de ensino superior público, priorizando a criação de vagas no período noturno.

  • Dobrar o número de vagas no PROUNI a partir da ocupação das vagas ociosas e como um dos instrumentos de regulamentação do ensino privado.

4 - Promover a inclusão digital e tecnológica da juventude, no campo e na cidade, por meio da ampliação do Plano Nacional de Banda Larga e integrando as demandas de educação e qualificação profissional criadas pelos novos postos de trabalho e ocupações que o desenvolvimento do país tem exigido, a exemplo da biotecnologia, nanotecnologia e tecnologias de informação e comunicação.

  • Ampliar o acesso da Banda Larga para área rural;
  • Expansão do programa TelecentrosBR.
  • Aumentar as linhas de financiamento do programa Computador Para Todos.

5 - Promover a geração de trabalho decente para jovens, combatendo sua precarização e a entrada precoce no mundo do trabalho;

  • Implementar uma Política Nacional de Promoção do Trabalho Decente para a Juventude, com a organização de jornadas de trabalho que permitam a conciliação do trabalho, os estudos e a inserção social,  estendendo a rede de proteção social aos jovens e ampliando o número de ocupações formais;

  • Intensificar ações de fiscalização em setores intensivos no uso da força de trabalho juvenil para avaliar e melhorar as condições materiais, jornada, segurança e saúde no trabalho bem como nos contratos de aprendizagem e estágios;

  • Criação de novas oportunidades de trabalho decente para jovens articuladas às ações estratégicas de desenvolvimento econômico nacional no curto prazo, especialmente com o Programa de Aceleração do Crescimento e com os investimentos inerentes à Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016;

  • Ampliar recursos públicos para apoio aos empreendimentos realizados por grupos de jovens em diferentes áreas, incluindo arte e cultura, esporte e turismo, nas zonas rurais e urbanas, através de incubadoras públicas de empreendimentos solidários;

  • Ampliação das ações voltadas para aprendizagem, estágio, desenvolvimento de habilidades e qualificação continuada.

6 -  Estruturar políticas de convivência, integração da juventude ao território urbano e rural, por meio da implantação e fortalecimento de equipamentos públicos para a juventude (centros, praças de juventude e outros), e também garantir a mobilidade urbana e programas de acesso à moradia.

  • Criação, nos marcos da proposta apresentada pelo PAC 2, de 800 Centros e Praças de Juventude, como espaços integradores das políticas no território, e a construção das quadras escolares, bem como potencializar as parcerias com estados e municípios na implementação de novos equipamentos para a convivência juvenil.

  • Promover o acesso a equipamentos e programas de acesso a cultura, esporte e lazer nos pequenos e médios municípios, contemplando a juventude rural;

  • Garantir Políticas de Mobilidade Urbana para juventude, com investimento em transporte coletivo barato e de qualidade e em transportes alternativos.
  • Garantir Moradia Digna para Juventude brasileira, através de programas habitacionais voltados aos jovens e a concessão de linhas de crédito e financiamento especiais para habitação juvenil.

7 - Desenvolver programas de acesso e produção de bens culturais voltados para a juventude, tendo-a como produtora e agente de articulação e gestão cultural.

  • Criação das Bolsas de Iniciação Artística e aprimoramento, voltadas para jovens de 15 a 29 anos, estimulando o intercâmbio de fazeres, ideias e o desenvolvimento das Artes.

  • Ampliação do Programa Cultura Viva, estabelecendo recortes para juventude e suas especifidades, não somente como público preferencial, mas capacitando para a apropriação da gestão dos programas e projetos.

  • Incluir os jovens e organizações juvenis como gestores e articuladores de espaços de convivência e práticas culturais, a exemplo dos Espaços Mais Cultura e Praça da Juventude.

  • Incentivar a difusão dos bens culturais produzidos pela juventude em espaços tradicionais de Arte e Memória, como Centros Culturais e Museus vinculados ao Estado, criando espaços de circulação e estímulo a novos artistas.

  • Fortalecer o vínculo Cultura-Educação nos Ensino Médio e Superior qualificando a permanência dos adolescentes e jovens no ambiente escolar, o que implica em melhorias de equipamentos culturais presentes nas instituições, a aplicação integral da Lei de Diretrizes e Bases sobre o ensino das Artes e o investimento em profissionais qualificados.

8 - Ampliação do acesso dos jovens à rede pública de saúde, contemplando as especificidades deste segmento, por meio de uma política nacional de saúde preventiva e capacitação de recursos humanos para o trabalho com juventude;

  • Promover uma política de prevenção e implantação de centros públicos de recuperação e tratamento de dependentes químicos, reconhecendo os diversos tipos de drogas e de uso, com atendimento multidisciplinar e redução de danos.

  • Integrar às políticas de juventude ao esforço do Plano Nacional de Combate ao Crack.

  • Comprometer-se com a redução da mortalidade materna decorrente de complicações na gravidez de jovens mulheres e garantir o atendimento pelo SUS dos casos de aborto legalmente permitidos.

9 -  Promover a participação da juventude nos programas relacionados aos grandes eventos esportivos (Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016) e fortalecer a política de esporte nas comunidades por meio da estruturação de espaços públicos, produção e distribuição de equipamentos, e incentivo aos programas de desenvolvimento esportivo.

  • Fortalecimento de políticas para a formação de uma geração de atletas para as Olimpíadas de 2016 a partir da ampliação do acesso e do incentivo a pratica de esporte nas mais diversas modalidades.
  • Ampliação do Programa “Segundo Tempo” com a ampliação das modalidades e acesso ao recurso e adaptado as especificidades e potencialidades de cada região ou território.

10 - Ampliar e fortalecer as políticas que promovam os direitos humanos, o combate à discriminação e valorização da diversidade com recorte de gênero, étnico-racial e de diversidade sexual, que contemple as especificidades transversalmente nas políticas.

  • Promover uma educação não-sexista, não-racista e não-homofóbica nas escolas e universidades, por meio da revisão dos livros didáticos, excluindo conteúdos que reforcem estereótipos e estimulando outros que reforcem valores de igualdade e respeito à diversidade.

  • Ter como prioridade a criação de creches, em espaços como escolas, universidades e locais de trabalho, estabelecendo metas de acordo com a população a ser atendida;
  • Combater a exclusão e a mortalidade da juventude negra, criando políticas públicas de promoção social voltadas especificamente para este segmento;

11- Fortalecer as políticas de segurança que incorporem as especificidades da juventude na prevenção, na interação com os operadores de segurança pública e na redução da violência, garantindo ao jovem o seu desenvolvimento saudável e seguro.

  • Ações e programas de prevenção da criminalidade e criação de espaços de convivência da juventude, que garantam uma cultura paz nas comunidades, como os Territórios da Paz e Protejo, inseridos no Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

12 - Construir uma política específica para a juventude rural, combatendo o êxodo rural, garantindo a sucessão da Agricultura Familiar, valorizando o meio rural como espaço de desenvolvimento e qualidade de vida dos jovens.

  • Consolidar programas de acesso à terra para jovens, independente do estado civil, desburocratizando os mecanismos de acesso acompanhadas de programas que garantam geração de renda, observando as especificidades regionais, diminuindo os juros e revendo os tetos de financiamento.

  • Ampliar os programas de crédito produtivo para a juventude rural, incentivando a geração de renda e o desenvolvimento de novas tecnologias.

  • Garantia de transporte público de qualidade para os jovens estudantes, facilitando o seu acesso às escolas no  meio rural;

  • Garantia do benefícios trabalhistas para os jovens rurais, em especial seguro-desemprego para jovens trabalhadores rurais assalariados no período das entressafras, para os jovens ribeirinhos e pescadores em períodos de piracema e defeso; e de auxílio-maternidade para as jovens trabalhadoras rurais assalariadas.

13 -   Consolidar por meio de um desenho institucional democrático as políticas públicas de juventude em política de Estado, garantindo o fortalecimento da participação popular na elaboração e controle social das ações e fortalecer o organismo executor, coordenador e articulador da Política Nacional de Juventude.

  • Criação do Ministério da Juventude, garantindo a execução da Política nacional de Juventude com estrutura suficiente para responder aos desafios que o programa de juventude aponta.

  • Instituição do Sistema Nacional de Juventude, com garantia orçamentária;

  • Fortalecimento do Conselho Nacional de Juventude e estabelecer mecanismos de apoio a criação e funcionamento de conselhos estaduais e municipais de juventude.

  • Garantia de realização periódica de mecanismos de consulta e participação da juventude, como a Conferência Nacional de Juventude.

Bruno Elias

Coordenador de relações internacionais da JPT

www.brunoeliasjpt.blogspot.com

(61) 9170 2010