sábado, 3 de abril de 2010

A herança em São Paulo


O último dia do presidenciável José Serra (PSDB) à frente do governo paulista foi marcado por uma manifestação com ao menos 10 mil professores pelas ruas de São Paulo, na quarta-feira 31. A marcha foi batizada como “bota-fora do Serra” e faz parte do calendário de mobilização dos docentes da rede estadual, em greve desde 8 de março.

Os sindicatos de professores reivindicam um reajuste salarial de 34,3%. Mas o governador manteve-se inflexível na recusa de dialogar com os grevistas. Em vez disso, anunciou à imprensa, sem negociar com os servidores, um bônus permanente de 25% para 45 mil docentes (os 20% mais bem avaliados em exames).

A medida é considerada injusta pelos sindicatos, uma vez que 80% dos professores continuariam sem aumento. O reajuste exigido pela categoria é para compensar perdas desde 1998.

A Secretaria da Educação afirma que apenas 1% dos docentes aderiu à greve, ao passo que os sindicatos estimam uma participação superior a 70% em todo o estado. Os professores organizaram ao menos cinco grandes manifestações na capital paulista. Uma delas, na porta do Palácio dos Bandeirantes, resultou num saldo de 26 feridos após um confronto entre os grevistas e a polícia.

Um dia antes da manifestação, o PSDB e o DEM entraram com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral contra a Apeoesp (maior sindicato da rede, filiado à Central Única dos Trabalhadores) e sua presidente, Maria Izabel Azevedo Noronha, pelo uso da estrutura sindical com o objetivo de “interferir no âmbito eleitoral”.

Tucanos e democratas acusam Noronha, filiada ao PT, de usar o movimento grevista para fazer campanha em prol de Dilma Roussef. Mas, em meio ao bate-boca eleitoral, foi aprovada pelo Senado a convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê a obrigatoriedade de negociações coletivas com servidores públicos.

“Os tucanos insistem nessa tese de que a greve tem interesses eleitorais, mas o fato é que já foram realizadas diversas outras manifestações nos anos anteriores por reajuste salarial”, afirma Artur Henrique, presidente da CUT. “A nossa pauta de reivindicações foi apresentada em agosto do ano passado. Se o governador quisesse, teria negociado conosco muito antes.”

Carta Capital

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